Eu assisti a essa série documental do Netflix no final do ano passado mas a revolta foi tão grande que não tive condições de escrever na época.
Making a murderer conta a história de Steven Avery, um homem que tem um histórico de baderna e pequenos delitos, incluindo alguns atos bastante condenáveis mesmo não considerando eles tão graves (como maltratar animais por diversão). Pensamos nesse jovem problemático como um tipo clichê de psicopata futuro assassino, mas pensando friamente, nem todos os jovens que fazem besteiras, algumas condenáveis, se tornam assassinos. Steven é de uma grande família que comanda um ferro velho, uma família pobre, um tanto a margem da sociedade, no caso a margem da cidade de Manitowoc.
Manitowoc é uma cidade localizada no estado norte-americano de Wisconsin, no Condado de Manitowoc e tem cerca de 33.000 habitantes e pelo perfil das pessoas que vimos no documentário, é uma típica cidade pequena americana, bastante tranquila e conservadora.
Um grave acontecimento ocorre na cidade, uma das ilustres cidadãs sofre um estupro (não sei exatamente qual foi exatamente a acusação lá, mas segundo as leis daqui seria estupro de qualquer forma). O principal e único suspeito deste crime foi Steven Avery. Ele foi julgado e passou 18 anos na prisão quando descobriram que ele era inocente.
Imagina passar 18 anos na prisão por algo que não fez apenas por você ser você? Foi isso o quê ocorreu com Avery.
Avery saiu da prisão e decidiu ficar na cidade, tentar voltar a vida normal, porém processou a cidade por tê-lo colocado na cadeia de forma injusta, já que ficou bem claro que a investigação foi bem ruim, isso para não dizer que foi bem tendenciosa. Em certo momento temo a mãe de Avery dizendo algo como "Steven, Manitowoc não te deixará em paz." E foi o quê aconteceu.
Se pensarmos que só até este momento já temos enredo para um thriller dramático, o pior na verdade está por vir.
Uma fotógrafa de 25 anos chamada Teresa Halbach é encontrada morta ... no ferro velho dos Avery ... e imediatamente Steven Avery foi considerado o principal suspeito.
Em um momento da história, antes de todo o caso Halbach começar, Avery diz algo como, "Quando deixei a prisão, a raiva passou e eu era provavelmente o homem mais feliz do mundo". Avery além do processo contra Manitowoc, se tornou a imagem de um projeto sobre libertar inocentes da prisão, casos com investigações e julgamentos ruins que mereciam uma revisão. Ele se tornou famoso por essa luta, além do processo de 36 milhões de doláres contra a cidade. Podemos dizer que ele tinha a faca e o queijo na mão para levar uma vida muito melhor para ele e sua família do que tiveram até então.
Será que 18 anos na cadeia ferrou com a cabeça dele a ponto dele se tornar um assassino? Ou Manitowoc dessa vez executou um plano perfeito contra Steven Avery?
Avery foi preso 2 anos após ter sido liberado da prisão e dessa vez a acusação é muito mais grave. A partir daí o quê temos é um show de um sistema que se une em prol da total destruição de um homem, que considerando tudo o quê vemos na série, é possivelmente inocente.
Claro que os produtores da série podem ter decidido para qual lado penderiam mais, e devemos levar isso em consideração também, mas é impossível não perceber que pelo menos a investigação e o julgamento, mais uma vez está cheio de furos e problemas. E nesse caso devido ao histórico entre o acusado e o sistema, é impossível não pular de cabeça no mar da conspiração.
A série tem um aspecto bastante jornalístico, com muitas entrevistas, gravações, tribunais e o desavisado pode imaginar que isso deixa tudo muito chato, mas não é isso o quê ocorre. No inicio da temporada, até temos alguns momentos mais lentos mas depois é impossível desgrudar da tv, sabendo ou não como aquilo termina, queremos continuar até o fim, para ver a justiça sendo feita, porém ela é entregue com um gosto amargo na boca.