Eu tenho notado uma tendência das séries de tv dos Estados Unidos, em reviravoltas surpreendentes. Acho que muito devido ao buzz que se cria em episódios tão chocantes, alguns criadores de séries estão seguindo essa linha.
O problema é que talento para fazer isso sem que vire uma caricatura, não é algo que todos tenham. Shonda Rhimes, é uma dessas que sabem causar esse buzz. As vezes tenho impressão que com essa série, ela resolveu brincar com isso de uma forma magistral.
O primeiro e grande trunfo da série é com certeza a protagonista, uma muler forte, porém não imbatível, que tem seus altos e baixos, que chuta todas as bundas mas também tem seus momentos de fragilidade e carência. A personagem é muito bem construída e Viola Davis é uma atriz sensacional, as vezes ela me deixa sem fôlego só com os olhares, com a intensidade dela.
Annalise Keating, uma famosa advogada e também professora, tem um grupo de alunos aparentemente brilhantes, que a ajuda em seus casos, enquanto aprontam altas confusões. Este grupo, é um bom grupo, apesar de também ter seus altos e baixos, que não são tão perdoáveis, afinal eles não são tão carismáticos, com exceção de um ou outro.
Mas como nem tudo são flores, eu diria que uma das minhas irritações com a série era em relação a outra personagem central, Rebecca. Se percebo uma torcida para que ela suma, seja lá como for, é por que ela é irritante o bastante. E eu acho que no caso ela era necessariamente irritante. O clima de mistério e constantes reviravoltas, fez dela uma personagem muito difícil de se ler e conectar, ela parecia não ter uma posição na trama, já que precisava pairar em todos os lados, deveria parecer culpada, inocente, vítima, cúmplice, tudo ao mesmo tempo. Ou talvez seja só a atriz mesmo que me deixava irritada.
Eu recomendo que assistam a série, ela te vicia com todo esse mistério, com a montagem cheia de flashbacks e a sensação de que a cada hora, o culpado era uma pessoa diferente. Além de toda a montanha russa de acontecimentos, muitas questões são abordadas de modo interessante, como a violência contra a mulher (além de ter no enem, tem aqui também), e outras questões de gênero, sexualidade, classes, religião e muito além.
No fim das contas... "Não há verdade no tribunal. Só sua versão dos fatos contra a deles. É assim que a justiça funciona. Não é o que é certo e justo. É quem conta a história mais convincente."
No fim das contas... "Não há verdade no tribunal. Só sua versão dos fatos contra a deles. É assim que a justiça funciona. Não é o que é certo e justo. É quem conta a história mais convincente."