O livro tem um caráter documental que eu gosto muito em algumas obras, mas nessa me incomoda bastante.
Mas para ler este post, recomendo que o façam escutando essa música por motivos que não precisam de explicação:
SOLTA O SOM!
Título original: Carrie
Autor: Stephen King
Tradução: Louisa Ibañez
Ano: 1974
País: EUA
Editora: Suma das letras
Páginas: 288
Preço: R$ 19,88
Carrie é descrita em toda a cena do chuveiro de um modo tão degradante, que é impossível não começar o livro já torcendo para que ela queime todos, afinal, as coisas como "lamuriante saco de banha", são intoleráveis. O livro mal começou e a narrativa já é bastante difícil de digerir, não consegui identificar até onde isso foi proposital.
Algumas
páginas depois, Carrie se vê insultada mesmo por uma criança, e se vinga dela,
foi uma cena muito boba se olhar para ela de forma isolada, mas neste
momento, Carrie já é uma criatura sem qualquer dignidade. Parece que existe um
esforço estranho para que o leitor sinta pena, empatia, repulsa e raiva da
personagem principal. Essas sensações duram por toda a leitura e isso faz a
experiência toda muito estranha, um tanto sufocante eu diria.
O
fenômeno telecinético é levado no livro de um modo um tanto científico em
alguns momentos, só que esses trechos são risíveis, como nessa parte:
“O
fenômeno é frequentemente confundido com a obra dos poltergeists, que são
duendes folgazões. Deve-se lembrar ainda que os poltergeists são seres astrais
de realidade questionável, enquanto a telecinética é considerada uma função
empírica da mente, possivelmente de natureza eletroquímica....”
Outro
momento que a questão telecinética é levada num tom exageradamente científico é
quando citam questões físicas. Eu até acho interessante esse lance científico,
até por que é minha área de atuação, mas no livro esses parágrafos parecem ridículos, como
se o autor quisesse acrescentar isso sem ter muito trabalho com pesquisa
realmente, ou então a ideia era dar este tom de charlatões aproveitadores aos estudiosos do caso.
No fim, acabou que essas pausas científicas deixaram o ritmo do livro meio chato. Por sinal, quero aproveitar e acrescentar um vídeo nesse post de um dos canais que mais gosto do youtube, o Nerdologia, e é um vídeo que fala sobre Telecinese , então nada mais apropriado. Para quem sentir que gostaria de saber mais sobre o assunto por causa dessas partes do livro, este vídeo é ótimo. Assim como o canal... E eu nem conheço ninguém do canal então é uma propaganda desinteressada por que gosto bastante do canal.
Voltando
ao livro , outra parte que me pegou foi um diálogo sobre crianças, que elas não
sabem o quê fazem e nem tem empatia, sei que é só um livro de ficção, mas estas
coisas ficam na minha mente, então mais uma vez me peguei empacada em um momento
do livro, por que parei para refletir esse diálogo. Então aqui está um vídeo sobre um teste interessante , e outro sobre o caso de uma garota com muitos problemas, um dia talvez até volte a abordar este assunto no blog, é caso famoso, que gerou um filme chamado a ira de um anjo, o vídeo é esse e é muito impressionante. E pode parecer que estou fugindo muito do assunto do post, mas eu acho que tem muito a ver, já que a atitude de Carrie, está relacionada a vários fatores que envolvem empatia e anos de tortura psicológica.
Depois dessa volta pelo mundo psicológico (que não é minha área, não me batam), vou me focar só no enredo mesmo, eu acho que este livro aborda
questões muito importantes, mas de uma forma muito estranha, que as vezes te
coloca do lado errado.
A não ser durante as páginas sobre Chris e Billy, que eu nem conseguia ler de tanta irritação que sentia em relação a eles. Acredito que Stephen quis manter os personagens todos com nuances de bom e mal, certo e errado, mesmo aqueles mais extremos como a mãe de Carrie, mas Billy e Chris são apenas nojentos e tiveram uma morte muito tranquila na minha humilde opinião.
A não ser durante as páginas sobre Chris e Billy, que eu nem conseguia ler de tanta irritação que sentia em relação a eles. Acredito que Stephen quis manter os personagens todos com nuances de bom e mal, certo e errado, mesmo aqueles mais extremos como a mãe de Carrie, mas Billy e Chris são apenas nojentos e tiveram uma morte muito tranquila na minha humilde opinião.
Lógico
que a raiz de muitos dos problemas que ocorrem nesse livro está na relação
entre mãe e filha, a mãe uma fanática religiosa das mais extremas (King adora
essa figura em seus livros, mas acho que nunca conseguiu superar essa), e Carrie que
simplesmente não conhece outra vida mas adoraria conhecer e até tenta mas sabemos o que acaba acontecendo.
A sociedade de certa
forma é retratada da forma que ela é, a diferença está no fanatismo da mãe e
nos poderes de Carrie. As perguntas no geral de quem lê são: “Se a mãe tivesse falado
sobre menstruação, será que nada teria acontecido?”. “Se Sue não tivesse
sentido tanta culpa, nada disso teria acontecido?”. “Se a mãe não tratasse
Carrie como feiticeira do satã, será que ela teria entendido de uma forma
melhor o que lhe acontecia?”. “Se a empatia por Carrie fosse sincera, será que
a reação dela teria sido outra?”.
As
perguntas podem continuar por muito mais tempo, e as respostas não existem por
que a personalidade de Margareth White, a criação de Carrie, a relação de seus
poderes, e a sociedade que tende a derrubar em vez de levantar se isso for mais interessante para cada individuo, é que fizeram a situação culminar nas
mortes do baile de formatura.
Alguns
se sentem vingados e satisfeitos com a vingança de Carrie e outros consideram
que ela era tão ruim quanto sua mãe. Carrie não era nem vítima nem vilã. Ela
era ambas e nenhuma. Carrie teve uma criação sufocante, mas sabe o que é certo
e errado. Sabe que quando pensava como a mãe estava seguindo para um lado
intolerante e violento. Sabia o que eram atitudes boas, mas o modo que foi
tratada por todos fez ela passar a não acreditar mais nessa possibilidade. Mas
ainda assim, conhece o que é bom e o que é ruim. Toda a sensação boa que sentiu
no baile mostra que ela sabe bem como é isso, mas ela pegou o atalho que
considerou mais fácil.
A maldição da mãe, ser a feiticeira do apocalipse.
PS: E a edição que eu tenho é essa: